sábado, 28 de dezembro de 2013

Obras no Santuário

As imagens desta postagem revelam novos aspectos físicos do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei, no final de 2013, sob a direção do pároco e reitor, Padre José Bittar, que tem envidado muitos esforços, no sentido de trazer melhoramentos para esta igreja. 

Dentre outras ações merecem destaque a colocação de um alambrado resguardando o bloco dos fundos, onde funciona a catequese, o que limitou o trânsito livre, contribuindo sobremaneira com questões de ordem e segurança; houve grande ampliação e melhoramento artístico e funcional na Capela do Santíssimo Sacramento e na sacristia, com a construção de anexos voltados para a retaguarda do templo; o desgastado piso antigo, original da construção da nova igreja foi trocado após uma intensa campanha popular, incluindo também melhorias no altar central e no altar-mor. Este ganhou um novo aspecto, que fez reunir as imagens antigas e do Sr. Bom Jesus, Divino Espírito Santo e Virgem da Lapa, dando-lhes maior destaque e visibilidade.

Ao operoso pároco damos os parabéns, extensivo ao vigário, Padre Geraldo Sérgio França, bem como a todas as pessoas envolvidas neste trabalho. 


Alambrado.

Nova Capela do Santíssimo.

Nova sacristia. 

Atual altar-mor.

Piso antigo sendo removido.

Novo piso. 
  
 Créditos

- Texto e fotografias: Ulisses Passarelli.

Notas

- Revisão: 02/06/2025. 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal !!!

O blog MATOSINHOS: história & festas deseja a todos os seus leitores um feliz e santo Natal e um excelente ano novo, repleto de paz, saúde, prosperidade e alegria. Que a divina providência e misericórdia guiem nossos passos e o espírito da concórdia reine nesta terra ferida. 

Doce de figo: sobremesa  típica do Natal. 

Presépio. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vila Santa Terezinha

        A pesquisa histórica é profundamente dinâmica e conforme caminha preenche lacunas. A Vila Santa Terezinha, por exemplo, inclusa no grande Bairro Matosinhos, em São João del-Rei/MG, é uma designação que se acreditava surgida junto com a igreja daquele lugar, por volta de 1945. Contudo, uma notícia hemerográfica anterior revela o real surgimento do bairro:

O nosso amigo sr. Jesus Silva dividiu em lotes uma grande faixa de terreno em Chagas Dória, constituindo a Vila Santa Terezinha. A demarcação dos lotes foi confiada ao topógrafo-arquiteto Rossino Bacarini, que demarcou a Vila com três praças, oito ruas e quatro avenidas. A Vila Santa Terezinha tem água, luz, esgoto e ônibus. A planta do novo subúrbio será exposta dentro de dias, principiando então a venda de terrenos (FOLHA NOVA, 1932). 

        Jesus Silva é o antropônimo de uma rua estreita ao fundo do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, interligando as duas principais artérias de trânsito do bairro. Rossino Baccarini, migrante italiano, é um nome assaz conhecido na história da cidade, ligado à construção do Coreto Municipal Maestro João Cavalcanti e da Capela da Santa Casa, duas belíssimas obras arquitetônicas de nosso patrimônio material. Sua competência fica clara no plano deste loteamento, pela preocupação de multiplicidade de praças e vias. Também dá nome a uma rua, porém no Bairro Tijuco, beirando a margem esquerda do Córrego do Lenheiro.


Primitiva Igreja de Santa Terezinha.
Data e autor não identificados. 


 Créditos

- Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli

Notas
- Para saber mais notícias sobre o crescimento urbano de Matosinhos acesse o link seguinte:  Arruamento 
- Acervo: Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.
- Revisão: 25/03/2025. 

Referência

VILA SANTA TEREZINHA. Folha Nova, n.7, 17 abr. 1932. São João del-Rei. 

domingo, 24 de novembro de 2013

Primeiro Encontro de Bandas de Música de Matosinhos

No dia 1º de setembro deste ano aconteceu no Bairro Matosinhos, em São João del-Rei, o primeiro Encontro de Bandas de Músicas, com vasta programação, reunindo as bandas são-joanenses Theodoro de Faria, a Salesiana Meninos e Meninas de Dom Bosco, a Banda Sinfônica do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (promotora do evento), a Corporação Musical Aquiles Rios (do distrito de São Sebastião da Vitória) e a Corporação Musical Lira Santa Cecília (do distrito de São Miguel do Cajuru), além da banda da vizinha cidade de Santa Cruz de Minas, sob as bênção de São Sebastião, que a nomina. 

O encontro movimentou com intensidade o Largo de Matosinhos e agradou muito ao grande público presente. Este evento cultural deixou a expectativa de próximas edições e com certeza tem um grande potencial. Abaixo algumas imagens tomadas nesse dia.

Banda do Santuário de Matosinhos.

Banda do Cajuru.

Banda Salesiana.

Banda de Vitória.

Créditos

- Texto e fotografias: Ulisses Passarelli.

Notas

- Revisão: 21/05/2025. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Antigo Congado de Matosinhos


As fotos abaixo, mostram o congado do Bairro Matosinhos, São João del-Rei, durante a Festa do Rosário, no Bairro São Dimas (década de 1980 ?), nesta mesma cidade. São foto de autor não identificado, anexadas ao acervo do Encontro Congadeiro nas Vertentes, gentilmente cedidas pela Sra. Celina Batalha, a quem este blog agradece. 

Quanto aos capitães: o primeiro capitão desta guarda de catupé foi o capitão "Zé Tita", na década de 1960 e como último capitão, "Chico da Sá Inês", ou "Chico Zacarias", que pode ser visto no recorte fotográfico abaixo, que fiz a partir da mesma fonte de origem. 



 Créditos

- Texto: Ulisses Passarelli.
- Fotografias: oferta Celina Batalha, acervo do Encontro Congadeiro nas Vertentes.

Notas 

- Para ver outras imagens e informações deste grupo clique nos links abaixo: 


- Revisão: 02/06/2025. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma antiga subvenção

Há noventa anos um jornal de São João del-Rei revelava uma interessante notícia, pelo menos para os padrões daquela época: uma ajuda financeira às festividades no Bairro Matosinhos, mostrando que a prática do apoio municipal é antiga. Por outro lado também denota a importância do festejo para o município, alcançando o merecimento dessa benesse. 


Transcrição:

Resolução n.478, de 31 de março de 1923. Autoriza a auxiliar festividades e a adquirir um retrato a óleo. O povo do municipio de São João del-Rey, por seus representantes, decretou, e eu, em seu nome, sancciono a seguinte resolução: 
Art.1º - Fica o agente executivo autorizado a auxiliar, no corrente anno, com a quantia de 200$000 a cada uma, as festividades da Semana Santa e do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, realizadas no districto da cidade. (Etc.)

Créditos   

- Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli.

                                                                           Notas

- Referência hemerográfica: A Tribuna, n.468, 15/04/1923, São João del-Rei. 
- Acervo: Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.
- Revisão: 27/03/2025

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Cruz Esquecida

Uma pequena cruz chantada no barranco da via férrea na curva "reversa" da Ferrovia Oeste de Minas, entre a estação de São João del-Rei e a de Chagas Dória, no Bairro Matosinhos, exatamente na junção das ruas Carlos Montuaneli com Bernardo Guimarães, imediações da Praça Pedro Paulo, marca o local de um acidente ferroviário acontecido há décadas.

Segundo a história oral, ali morreu uma pessoa atropelada pelo trem. Data, não se sabe; o nome perdeu-se no passado. A circunstância diluiu-se com os anos, mas a cruz ficou. Originalmente era uma cruz de madeira, mas apodrecida pela ação do tempo foi substituída por outra de ferro. Os ramos da corriola (Ipomoea), como planta trepadeira, sobem na peça religiosa e evocam a poesia de Castro Alves, "A Cruz da Estrada", que segue transcrita: 

Caminheiro que passas pela estrada,
seguindo pelo rumo do sertão,
quando vires a cruz abandonada
deixe-a dormir em paz na solidão!

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
que lhe atiras nos braços ao passar?
Vai espantar o bando buliçoso
das borboletas que lá vão pousar. 

É de um escravo humilde sepultura.
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura, 
que o Senhor entre as selvas lhe compôs. 

Não precisa de ti. O gaturamo
geme por ele à tarde no sertão,
e a juriti, do taquaral no ramo, 
povoa, soluçando, a solidão. 

Dentre os braços da cruz, a parasita, 
num abraço de flores, se prendeu;
chora orvalhos a grama que palpita; 
acende, o vaga-lume,  o facho seu. 

Quando à noite o silêncio habita as matas, 
a sepultura fala a sós com Deus...
Prende-se a voz na boca das cascatas, 
e as asas de ouro aos astros lá do céu. 

Caminheiro! Do escravo desgraçado
o sono agora mesmo começou!
Não lhe toques o leito de noivado,
há pouco a liberdade o desposou. 

Esta, assim como outras cruzes de beira de caminho (ou cruz de estrada), marcam via de regra locais de tragédias: pessoas encontradas mortas por causas biológicas ou de assassinato, acidentes ou fatalidades impostas pela natureza. Removido o cadáver para um cemitério, o local se torna sacralizado por uma cruz ali fincada, como se fosse uma testemunha perene do fato, embora que silenciosa. Com muita frequência essas cruzes se tornam locais de culto popular, onde vão rezar, deixam imagens quebradas, lançam moedas ao passar, enfeitam de flores, acendem velas e depositam pedrinhas para marcar preces emanadas em sufrágio daquela alma. 

Passados muitos e muitos anos, por vezes a história se perde, mas a cruz continua; ou a narrativa real se mescla ao misticismo e surge a lenda. Chega um tempo que alguém relata ter alcançado uma benesse rezando ali. A notícia esparrama e mais devotos vem. A cruz ganha limpeza, pintura e às vezes até cobertura; sua popularidade aumenta e mais gente ganha graças. Surge um cercado, adro, nicho, como aconteceu com a Cruz da Cristina, no distrito são-joanense de São Gonçalo do Amarante. Não tarda transmutar-se em uma capelinha, como aconteceu com a Cruz da Moça, em Santa Rita do Ibitipoca. Mas se o milagre não vem, se a sociedade local muda, se outras religiões se expandem com suas próprias crenças, os velhos devotos falecem, os novos aos poucos vão se esquecendo daquela cruz da qual ficaram se referências identitárias. Cada dia menos gente vem ali rezar, posto que desprovida de pertencimento a ela. O mato toma conta; a corrosão chega. Um dia ela cai por terra e ninguém se habilita a erguer uma nova. Desaparece no plano físico, como aconteceu com a Cruz do Dunga, em santa Cruz de Minas. 

A cultura popular tem sua própria dinâmica transformadora, que pelas vias da aceitação coletiva e da funcionalidade, impõem o ocaso ou a sequência. 

Cruz à beira da ferrovia em Matosinhos

 Créditos

- Texto e fotografia: Ulisses Passarelli, 1998. 

                                                                               Notas

- Revisão e acréscimos: 16/04/2025. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Dois Causos de Matosinhos


(Oferecimento: com gratidão a José Cláudio Henriques)  

           1- LUGAR ONDE O CACHORRO FALOU 

Dizem que fica na beira do Córrego da Água Limpa, limite do Grande Matosinhos. Logo se vê que foi um fato passado há muito tempo, quando suas águas ainda eram limpas... Lá pras bandas do lugar chamado Ouro Preto, onde os viajantes John Luccock e Robert Walsh comentaram no século XIX, de um velho dique – benfeitoria dos serviços de mineração de ouro – rompido pela força de uma enxurrada. Ali, na Fazenda Velha, diz que morou um rico senhor, dos mais miseráveis que já se viu.

      O ganancioso fazendeiro gostava de uma caçada e tinha seu cachorrinho fiel, que sofria de uma fome crônica, visível na sua magreza. Era pele e osso, como se diz.

      Certa feita o sovina caçou gordas codornas – seu prato predileto – e mandou uma escravizada cozinheira prepará-las. Mãe Maria as fazia como ninguém. Seu tempero dava água na boca. Serviu-lhe. Se lambuzava no comer, deliciando-se com o pitéu. E o pobre cão de caça, varado de fome, debaixo da mesa, babando, língua de fora, ofegante, olhos estatelados, rosnava de fome como que a implorar uma migalha, que o garrafinha recusava lhe dar. Não fosse Mãe Maria que vez por outra às escondidas lhe dava algo, já teria morrido à míngua. Nem sequer os ossos reservava ao cachorro. Guardava-os para torrar, moer e fazer farinha, que punha sobre o feijão. E o cão, vendo que nem sequer lhe restavam os ossos, arranjou voz e falou: “_ ô patrão: mas nem os ossos?”

      O homem desmaiou de susto. Acudiram. Ao acordar tratou fartamente do cão. Dizem que depois daquela lição inesperada melhorou de caráter, deixando de ser tão munheca para beneficiar os necessitados. E o local ficou conhecido como "O lugar onde o cachorro falou".

Confluência do Córrego do Cala-boca (direita da foto) no Ribeirão da Água Limpa (esquerda da foto), 
em cujas proximidades teria se passado a estória acima narrada. São João del-Rei/MG.  

     2 - O CALA-BOCA

Este é o curioso nome de um córrego que também limita o Grande Matosinhos. Deságua no Ribeirão da Água Limpa. Sua história ou estória está ligada a um triste assassinato. Foi nos idos da escravidão. Havia uma grande fazenda por lá, com muitos escravizados e dentre eles uma mulher de uma beleza primorosa. O senhor tinha por ela uma espécie de capricho, um xodó, desejando-a e abusava sexualmente dela, à força e sob ameaças.

O caso se arrastava há bom tempo, até que um dia a esposa do fazendeiro – a sinhá – descobriu a safadeza do marido, por meio da candonga de uma preta que não gostava da tal mulher preferida. Revoltada, não pensou duas vezes. Logo que o marido saiu a cavalo para resolver um negócio, chamou um feitor – mal como o diabo – mandou que ele levasse a escravizada para um grotão bem deserto e lá matasse a infeliz. E deu-lhe ordem de silêncio absoluto e que voltasse diante dela para informar o resultado. Assim foi feito.

A sinhá satisfeita e vingada diante do feitor, determinou-lhe que calasse a boca, sem jamais contar o fato. Do contrário, daria um jeito de eliminá-lo também.

Voltou o marido e já maquinando no caminho seus desejos secretos, foi logo à procura de satisfazer-se com a escravizada, como de costume. Não a encontrou. Mandou capatazes e feitores procurá-la. Viram os urubus na capoeira e lá acharam seu corpo. Forçou explicações com os empregados e notando o nervosismo do feitor assassino, arrancou-lhe na marra a confissão. Ele clamava que obedecera a uma ordem da patroa, que pedira para ele calar a boca sob pena de morte. Duplamente revoltado, contam, o sinhô deu uma surra na sinhá, ajuntou os seus pertences, pôs sobre um animal cargueiro e mandou devolver ao sogro. E como na briga de dois sempre lucra um terceiro, satanás foi quem ganhou... quatro almas: a do casal, a do feitor e a da delatora fofoqueira.

Placa na BR-265 nos arredores de São João del-Rei/MG. 

Créditos

- Pesquisa, texto e fotografias (2013): Ulisses Passarelli.
- Informante: Aluísio dos Santos (São João del-Rei/MG), 1999. 

Notas 

I- Pequeno glossário de termos populares vigentes em São João del-Rei e aproveitados no texto: 

- Candonga: africanismo banto, que significa fofoca, intriga, futrica, fuxico, mexerico, calúnia. 
- Capoeira: pequena mata. Floresta minúscula.
- Garrafinha: sovina, usurário, mesquinho. 
- Munheca: o mesmo que garrafinha. “Munheca de samambaia”.
- Pele e osso: expressão indicativa de extrema caquexia. Magreza.
- Urubu: abutre, ave catartídea que devora cadáveres. Carniceiro.
- Varado: "magro como se fosse uma vara"; magérrimo ou apenas com muita fome.
- Na marra: forçadamente; sob imposição. 
- Mal como o diabo: expressão que intensifica o adjetivo da maldade; muito mal; ruim em demasia. 

II-  Por uma gentileza do pesquisador e escritor são-joanense José Cláudio Henriques, este texto foi originalmente publicado no jornal: O Grande Matosinhos, n.13, nov.2000, São João del-Rei, ASMAT, p.2.

III- as notas de rodapé, as fotografias e o glossário não fazem parte da publicação original em jornal. 

IV- Sobre a rede fluvial do Bairro Matosinhos, leia também: ÁGUAS FLUVIAIS 

- Revisão: 03/06/2025.

                                              Referências bibliográficas

LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes Meridionais do Brasil: 1808-1818. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.

WALSH, Robert. Notícias do Brasil em 1829-1829. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1985.  

sábado, 28 de setembro de 2013

Ex-votos de Matosinhos

Existe um costume de natureza religiosa e mais especificamente de caráter votivo, que é o ato de ofertar nas igrejas, cruzeiros, grutas devocionais ou outro ambiente sagrado, um determinado objeto que simbolize ou represente uma memória de determinada graça alcançada. São os chamados ex-votos. Sua ocorrência é notada em muitos lugares, via de regra considerada como uma prática tradicional. Assim, por exemplo, passando por Conceição da Barra de Minas nas primeiras décadas do século XIX, o francês Saint-Hilaire comentou sobre os ex-votos do lugar: "Parece que há muita devoção à Virgem da Conceição, pois existe na sua igreja grande número de pequenos quadros, que representam curas operadas milagrosamente por sua intercessão." 

Em razão de muitos ex-votos serem pintados sobre pequenas pranchas de madeira, corre o sinônimo "tábua de milagre", uma referência aos quadros pendentes nas sacristias e salas de milagres, que expõe artisticamente representações pictóricas, que ilustram a forma como uma determinada graça aconteceu. No geral elas atendem aos preceitos da arte popular e trazem na base da pintura uma inscrição de letreiro com informações sobre o acontecimento pintado. Afora o aspecto estritamente da crença, seu estudo e preservação são de grande importância, não só pelo valor artístico explícito, mas também pelo aspecto intangível da cultura que o contextualiza. Os ex-votos pintados são outrossim, significativos documentos que revelam vestimenta, mobiliário, ambiente, costumes, gestos, comportamentos de seus retratados, testemunhando parte da coletividade de sua época. No entanto, apesar do enfoque aqui manifestado sobre as pinturas ex-votivas, é preciso alertar que há muitas outras formas de ex-votos além dos pintados, feitos de uma diversidade de materiais conforme a necessidade. Não é objetivo desta postagem sua análise e classificação.

Em São João del-Rei existem diversos exemplares, desde os que estão lotados no acervo do Museu Regional até aqueles que permaneceram em ambiente sagrado. Do distrito de Emboabas, antigo São Francisco do Onça, procede esta notícia jornalística, da época da demolição da primitiva igreja para substituição pela nova, em 1938: 

S. Francisco de Assis do Onça (do correspondente). Continua em construção a matriz deste distrito, tendo sido demolida toda a parte velha. Foi encontrado debaixo do altar-mor curiosíssimo quadro de madeira, pintado a óleo, com os seguintes dizeres: "Milagre que fez S. Francisco de Assis do Onça a D. Delfina Maria de S. José, que estando seu irmão Gabriel Fernandes do Nascimento muito enfermo de huma febre pôdre apegando-se com o dicto Santo de que logo foi alcançando milhoras, até que de todo livre da referida molestia expoz esta memoria na hera de 1823".

No mesmo município, no Bairro Matosinhos, a "Sala dos Milagres" congrega vários desses ex-votos, dignos de nota, em diversos estilos, alguns do século XVIII e XIX. Outros são dos novecentos e até mais recentes, entre pinturas, desenhos, fotografias, objetos (sobretudo peças de cera). Guardam um grande valor etnográfico e se alinham perfeitamente com outros exemplares ex-votivos dos centros de romaria. São reveladores da ligação entre o homem e o mundo sagrado, testemunhas concretas da fé do povo, provas materiais que buscam atestar as graças alcançadas pela força da fé, fortalecendo o prestígio das invocações aos santos. 

Como exemplo dessas peças seguem as fotografias abaixo: 

Transcrição: "Antonio Carlos de Resende sofreu  uma grande Pneumonia, que o Senhor Bom Jesus de Mattosinho 
o salvou por um milagre. No anno de 1896." 

 Ex-voto do século XVIII, que mostra um homem sendo milagrosamente salvo
 de um afogamento por obra do Senhor de Matosinhos. 

Ex-voto de 1887 dedicado a Nossa Senhora da Conceição pela cura de feridas advindas de uma queda, 
sofrida por uma mãe e seu filho. Santuário de Matosinhos. 

Referências Bibliográficas

SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem às Nascentes do Rio São Francisco e pela Província de Goiás. Rio de Janeiro: Nacional, 1944. 343p. p.128. Coleção Brasiliana, Série 5ª, v.68.  

Referência Hemerográfica

Diário do Comércio, São João del-Rei, n.75, 02/06/1938 (Acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida)

Créditos

- Texto e pesquisa: Ulisses Passarelli
- Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 2013.

                                                                                             Notas 

- O conjunto da Sala dos Milagres do acervo do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei, foi incluído na lista de bens protegidos pela municipalidade (Decreto nº 11.558, 16/12/2024), graças ao mecanismo de Inventário de Patrimônio Cultural (IPAC / 2022 -  Conjunto de ex-votos do Santuário do Sr. Bom Jesus de Matosinhos): Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural / Secretaria Municipal de Cultura e Turismo / Prefeitura Municipal. 
- Revisão: 11/04/2025. 
- Sobre este tema, leia também:

Dois ex-votos centenário da Terra de Nhá-Chica
Ex-votos
Ainda dos ex-votos


domingo, 15 de setembro de 2013

Matosinhos, 2013: um grande jubileu em São João del-Rei

O dia 14 de setembro de cada ano é marcado em São João del-Rei por uma grande festividade religiosa que agita e revigora o bairro de Matosinhos. Nesta data fixa comemora-se o dia maior do grande jubileu dedicado ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. 

Antecedido por novena, com missas diárias, a temática religiosa é abordada a cada dia por um sacerdote convidado, dando ao fiel a oportunidade de ouvir a diretriz proposta para o jubileu daquele ano sob diferentes pontos de vista, sendo assim muito enriquecedor no processo de evangelização. 

Altar enfeitado durante o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Ao fundo resultado da reforma recém-completada, conduzida pelo pároco, Padre José Bittar, que destacou as imagens do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora da Lapa, agora ladeando a cruz do Senhor. 

A data principal se desenha desde cedo com o foguetório da alvorada, às 6 horas da manhã. Ao longo dia as celebrações acontecem aglomerando fiéis que lotam o santuário. Ao fim da celebração é comum ver-se pessoas observando os muitos ex-votos na popular "Sala dos Milagres". 

A procissão noturna é o que há de mais marcante no jubileu e impressiona notavelmente pelo número arrebatador de fiéis. Ao toque dos sinos, uma massa humana gigante se apodera da Avenida Josué de Queiroz, disposta em duas alas principais. A perder de vistas sobe aquela importante artéria de trânsito e custa muito a que chegue a vez do pesado andor, carregado nos braços, bastante enfeitado e iluminado, graças ao carinho dos devotos. Entre as flores, uma nota de destaque como todo ano se nota, é dada aos antúrios (araceae), abundantes nesta quadra do ano. Em volta do andor e na sua retaguarda já não se observa as duas alas, mas um aglomerado de pessoas, movidas pela mesma causa devota.

Chegada da Procissão do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, notando-se a intensa aglomeração de devotos.

A excelente Banda Sinfônica do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos [1] dá cobertura à parte musical, sob a competente regência de Ronaldo Medeiros, que com proficiência conduz os jovens músicos, em equipe com outros regentes e professores de música. 

Do lado externo, nos intervalos das comemorações religiosas e ao seu final, as pessoas aproveitam o momento de socialização que as tradicionais "barraquinhas" proporcionam. Claro que a configuração das barracas mudou com os anos, para se adequar às exigências contemporâneas, com novo estilo (tendas moduladas), questões de segurança e higienização na frente da pauta de preocupações. Outro ponto diferente é que este ano foram externas e não mais no adro. Um show ponto-finaliza a festividade. 

Senhor de Matosinhos é uma invocação cristã de procedência portuguesa, que nos chegou no período colonial, sabendo-se que no ano de 1770 foi iniciada a construção da capela primitiva. A notícia da primeira festividade a temos quatro anos depois. Tamanha influência exerceu que mudou o nome do lugar, antes chamado "Vargem da Água Limpa", mudado para Matosinhos pela força sugestiva da devoção. Até data incerta do século XX realizou-se esta festa junto com a do Divino, na segunda-feira imediatamente a Pentecostes. Uma notícia jornalística de 1922 indica que neste ano já acontecera a festa do Bom Jesus em separado, no mês de setembro. 

Flagrante da condução do andor do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, vendo-se à direita o 
Prefeito Municipal de São João del-Rei, Professor Helvécio Luiz Reis, conduzindo uma lanterna, 
seguido por membros da Irmandade do Santíssimo Sacramento. 


Foguetório na chegada da procissão. 

Créditos

- Texto: Ulisses Passarelli
- Fotografias: altar e chegada da procissão, Ulisses Passarelli; demais, Iago C.S. Passarelli, 14/09/2013.

Notas 

[1] A Banda Sinfônica do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos foi cadastrada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de São João del-Rei em 28/11/2023. Seu cadastrado foi incorporado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (CMPPC), de São João del-Rei ao Processo de Registro 046/22, "Orquestras e Bandas Tradicionais de São João del-Rei", por juntada, conforme ata nº534, 13/12/2023; covalidação pelo Decreto Municipal nº11.558, 16/12/2024. 
- Assista ao vídeo da saída da procissão: Senhor Bom Jesus de Matosinhos
- Revisão: 11/06/2025.  

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Chagas Dória, outro nome de Matosinhos

Houve época que tal importância atingiu o movimento ferroviário no Bairro Matosinhos, em São João del-Rei/MG, já sobejamente demonstrado neste blog, com centro na estação local da EFOM, chamada Chagas Dória, que este nome passou à condição de sinônimo do grande bairro. Bairro de Chagas Dória era então o próprio Matosinhos. As duas antigas notícias abaixo deixam claro esta denominação.


Detalhe da estátua-chafariz do Largo de Matosinhos. 
Foto: Iago C.S. Passarelli, 2013

Exames em Chagas Doria
Realizaram-se em Chagas-Doria, ha dias, as provas anuais porque têm de passar os alunos que alli frequentam estabelecimentos públicos de ensino.
Na escola masculina, regida pelo professor Carlos dos Passos Andrade, a  banca foi formada pelos professores Pedro Raposo e Augusto Mello da Motta.
Findos os trabalhos houve preleção pelos dois examinadores, canticos e acclamações aos srs.. presidente da Republica, presidente do Estado, secretario do Interior, presidente da Camara Municipal e inspetor escolar.
Na escola feminina, regida pela normalista Isabel da Conceição Pereira, compõe-se a banca da normalista senhorinha Maria Esther Pereira da Silva e do sr. Plinio Campos da Silva.
O presidente da banca effectuou uma preleção alusiva ao acto, havendo, após, cantos cívicos pelo corpo discente (grifo nosso).

Fonte: Jornal A Tribuna, São João del-Rei, n.804, 25/11/1926. Acervo Digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida.


Chagas-Doria
Recebemos de Chagas Doria uma carta, contestando afirmações que, ha dias, nos foram comunicadas daquele subúrbio sanjoanense e a que demos guarida nesta folha.
Segundo o missivista, é falso que os srs. Pedro Ferreira, “respeitável cidadão”, e Paulo Campos, filho do saudoso negociante sr. Gustavo Campos se possa atribuir a pecha de “perturbadores da ordem” dalli.
Ficam aqui consignadas, de acordo com o nosso feitio de órgão legal, taes declarações (grifo nosso).

Fonte: Jornal  A Tribuna, São João del-Rei, n.799, 07/11/1926. Acervo Digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida.  



Créditos

- Fotomontagens, pesquisa e texto: Ulisses Passarelli.

Notas 

- Revisão: 14/05/2025. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Festa da Imaculada Conceição de 1923

          Matosinhos é berço de muitos festejos religiosos. Bairro singular no contexto histórico da cidade de São João del-Rei é em seu santuário que acontecem os dois únicos jubileus do município. No passado houve dentre tantas festas, aquela dedicada à Imaculada Conceição, devoção mariana comemorada em dezembro. Segue abaixo o recorte jornalístico correspondente e sua transcrição, respeitando-se a grafia da época, 1923. 


Mattozinhos
Festa de Nossa Senhora

Durante os dias 7 – 16 de Dezembro Mattozinhos celebrou, na Capella do Senhor Bom Jesus, a festa imponente da Immaculada. Uma novena, que agradou a todos, precedeu esta data gloriosa. No dia 16 grande numero de fieis e devotos a Nossa Senhora receberam a Communhão, monstrando d’ esta maneira, o grande amor á Immaculada.
Ás 11 horas teve inicio a Missa solemne, cantada pelo Revmo. Padre frei Leopoldo, acolythado pelos Padres frei Optato e frei Osmundo.
Ás 5 horas da tarde percorreu as ruas d’este pittoresco logar uma lindíssima procissão com magníficos andores e no maior respeito e silencio. Após um ligeiro descanso subiu ao púlpito Padre frei Leopoldo, que com grande eloquência, cantou as glorias sublimes, com que a figura sacrossanta de Maria avulta nas galerias da historia. Encerraram-se as festividades com o Te-Deum e a bênção com o Santíssimo.
Nossos profusos parabéns e agradecimentos ao bom povo de Mattozinhos, cujas festas sempre commovem e também nossa gratidão ao infatigaveis procuradores, os senhores Francisco Chaves e Pedro Pereira, que alcançaram um resultado belíssimo: nossos profusos parabéns ao Côro, que durante toda a novena agradou imensamente, graças á sua incansável Directora, Da. Amanda Telve de Faria Pereira; nosso parabéns a Senhorita Amanda de Faria Pereira, que com sua voz maviosa e soberba commoveu a multidão; nossos parabéns ao povo festeiro, que deu um exemplo eloquente de amor e gratidão para com Maria.
Os leilões durante o dia estiveram animadíssimos. A banda do 11 Regimento acompanhou a procissão, durante a qual executou varias peças lindíssimas.
Mais de 300 pessoas receberam a Sagrada Communhão durante a novena.
Que Nossa Senhora abençoe o bom povo de Mattozinhos.


A assinatura da nota é devida ao Capelão, Frei Optato e de sua leitura percebe-se o enfoque nos elementos litúrgicos, já com características romanizadas. Segue-se com uma lista de festeiros eleitos para o evento do ano seguinte, que, embora expressamente citado como para a Festa de Nossa Senhora da Conceição, a lista principia com os cargos de imperador e imperatriz - sr. Marçal e Souza Oliveira e sra. Maria Carlota Rios - uma influência da Festa do Divino, ou quiçá, os Imperadores do Divino teriam também assento cativo nesta mesa festeira?

A listagem segue com os juízes: Custódio Maximiano de Souza, Francisco Chaves, Arnóbio Caldeira Franco, João Evangelista Silva Rios, Durval de Oliveira, Gabriel Pompeu de Campos, Drogero Guimarães, Raul Chaves, Justino José da Silva, Olympio Augusto Oliveira, João Baptista Oliveira, Floriano Peixoto, Antonio Santos, Onofre Archanjo Souza.

As juízas eleitas foram: Amanda Telve de Faria Pereira, Custodia Clara Pinto, Eneida Sette Resende Campos, Anna Simões, Maria Leandra, Mariana Diogenes Silveira, Luiza Balbina Souza, Maria da Conceição Pereira Melo, Maria Antonia Lourdes, Maria Theodora Gonçalves, Emilia Augusta Sousa, Francisca Carolina Fonseca.

Os cargos de procuradores foram ocupados pelos srs. João Evangelista Ferreira e Adolpho Ferreira Silva.

A tesouraria coube a Pedro Ferreira Sousa.

A extensa nota é datada de 10 de dezembro de 1923.

 Créditos 

- Fonte de pesquisa: jornal Acção Social, São João del-Rei, n.448, São João del-Rei, 20 de dezembro de 1923. 
- Acervo Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.
- Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli.

Notas 

Revisão: 08/04/2025. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Praça Pedro Paulo antigamente

São João del-Rei/MG

Parte do corrimão da ponte de piso abaulado, que existiu onde hoje é a Ponte Presidente João Pinheiro. Notar: adiante, vacas pastando onde atualmente é a Praça Pedro Paulo; na extrema esquerda o barranco da via férrea e ao seu sopé a Estrada da Tabatinga, que ligava a cidade a Matosinhos; na extrema direita a extinta Ponte do Curtume, com seus arcos característicos, dando sequência de Matosinhos para Rua Cristóvão Colombo, já no Bairro das Fábricas, repleta de casario. Foto de autor e ano não identificados, gentilmente cedida por Silvério Parada. 

Recorte jornalístico de 1901, que noticia a denominação de Praça Pedro Paulo 
dada ao logradouro em questão.

Transcrição 

"A Camara Municipal, reconhecendo os relevantes serviços prestados pelo illustre Coronel Pedro Paulo da Fonseca Galvão, em sua sessão, do 28 do passado, deu o nome do benemerito militar, á Praça, que se estende, da ponte das Officinas ao Ribeirão d'Água Limpa. Foi um acto de justiça. Apresentamos ao Coronel Pedro Paulo os nossos parabens." 

Créditos

- Texto e fotomontagem de jornal: Ulisses Passarelli.

                                                                               Notas 

- Antes da denominação oficial a área da Praça Pedro Paulo era popularmente conhecida como "Fábrica de Louça", em razão do estabelecimento que existia nas imediações. 
- Fonte jornalística: O Combate, 03/07/1901, n.76, São João del-Rei. 
- Revisão: 09/04/2025.  

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Coração de Jesus: mais uma festa do Matosinhos antigo

Mais notícias de festas religiosas no Bairro Matosinhos vem à tona neste blog, trazidas das velhas páginas jornalísticas da cidade de São João del-Rei. Desta vez em honra ao Sagrado Coração de Jesus, devoção que ganhava força com o processo de romanização implantado pela Igreja. Mesmo antes de acontecer já se previa o grande número de comunhões, clara tônica do discurso romanizador, que destacava o sacramento da Eucaristia. A procissão seria pomposa, cheia de andores e estandartes. Velhos hábitos de uma antiga cidade impregnada pela cultura barroca. 

O jornal Acção Social, assim noticiou (transcrição respeitando a grafia da época)

Mattozinhos
Iniciar-se-ão hoje as festividades em honra ao Sagr. Coração de Jesus. Esperamos muitas comunhões e o maior respeito do povo religioso de Mattozinhos durante estes dias.
Na procissão de Domingo próximo serão conduzidos 5 lindissimos e riquíssimos andores e vários estandartes.
Agradecemos de antemão aos dois incansáveis Zeladores, os srs. Pedro Ferreira e João Pedro de Oliveira, que não pouparam esforços pelo melhor exito das festividades.
O coro está em efetivas condições e executará seu repertório com brilho e capricho, graças a infatigavel Directora Dª Amanda Telve de Faria Pereira. Que o sagrado Coração abençoe estes dias festivos.
O correspondente.


Referência

Acção Socialnº 423, de 28 de junho de 1928, São João del-Rei. 

Créditos

- Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli.

Notas

- Acervo hemerográfico: Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.
- Revisão: 13/06/2025. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A Primeira Festa de Santo Antônio

Dentre as muitas devoções católicas que se festejam no Bairro Matosinhos, em São João del-Rei/MG, figura também a de Santo Antônio de Pádua, que já foi alvo de comentários neste blog. Porém a presente postagem traz à lume uma notícia veiculada pelo órgão de imprensa são-joanense, Acção Social. Seu texto menciona que a primeira festa dedicada a esse santo no bairro aconteceu em 1928. Eis sua transcrição (respeitada grafia da época), seguida de fotomontagem da matéria:

Mattozinhos
Celebraram-se aqui  no domingo passado, as solemnidades em honra a S. Antonio na egreja de Bom Jesus. Foi pela primeira vez que o grande thaumaturgo recebeu aqui homenagens do povo (... ilegível).
Houve grande numero de comunhões nesse dia e de tarde percorreu a vasta praça deste pittoresco logar uma (...) procissão. Subiu á sagrada tribuna o Rev. Pe. fr. Cherobin cheffe (?) do Gymnasio Sto.Antonio, que em palavras bem escolhidas nos mostrou o grande santo como modelo de vida pura com Jesus Christo. A banda de musica do 11 Regimento abrilhantou a procissão e o leilão, que foram muito concorridos. (ilegível) eclesiástica approvou a mesa recém-eleita para o anno vindouro.

Foto1: notícia da Festa de Santo Antônio.

O texto revela a simplicidade da programação, nada excepcional, com procissão, leilão e sermão; destaque para as comunhões, comum nas notícias de festas religiosas deste período. Elementos enriquecidos com a música da banda militar, que ainda hoje traz vasto e ativo trabalho cultural. A popularidade do santo garantia a continuidade da festa, visível na aprovação eclesiástica dos festeiros do ano seguinte. 

Foto 2: Santo Antônio na liteira. 

Sabe-se que em um passado bem mais remoto, um século antes, Santo Antônio dava à festa pentecostal de Matosinhos um ar muito pitoresco com sua eleição para o cargo de Imperador Perpétuo da Festa do Divino. Como tal era o principal protagonista de uma procissão que descia da Igreja de São Francisco de Assis rumo à de Matosinhos, quando a imagem do taumaturgo vinha em movimentos pendulares dentro de uma liteira, com grande acompanhamento de fiéis. Mais detalhes sobre este assunto estão em outra postagem neste blog. Este item foi resgatado na reativação da Festa do Divino de 1998. Prossegue até os dias atuais a Procissão do Imperador Perpétuo, sendo o santo também festejado no seu salão comunitário na Vila Santo Antônio (parte do bairro) e na capela rural da qual é orago, no povoado do Carvoeiro, dentro da mesma paróquia e município.

Foto 3: Capela de Santo Antônio do Carvoeiro, 09/07/2013. 

Referência

Acção Social, n. 422, 21 jun. 1928. Acervo Digital Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida, São João del-Rei.

Créditos

- Texto, fotomontagem 1, efeito artístico da fotografia 2, fotografia 3: Ulisses Passarelli.
- Fotografia 2: Iago C.S. Passarelli.
Notas

- Infelizmente, a má qualidade da fotodigitalização disponível no acervo digital deste jornal, dificulta ou mesmo impede a leitura de alguns trechos da matéria. 

- A Capela do Carvoeiro foi incluída formalmente na lista de bens protegidos em nível municipal  (Decreto nº 11.558, 16/12/2024, São João del-Rei), graças à aprovação e validação do Inventário de Patrimônio Cultural (IPAC/2018, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural / Secretaria Municipal de Cultura e Turismo / Prefeitura Municipal). Mudou de jurisdição eclesiástica: passou a pertencer à nova Paróquia do Menino Jesus de Praga, com matriz no Bairro Pio XII, criada em junho e instalada em setembro de 2022, tendo como primeiro pároco o Padre Odair José de Carvalho. Fonte: 

SILVEIRA, Lucas. Paróquia Menino Jesus de Praga é instalada na Diocese. Diocese de São João del-Rei, 19 set. 2022. Disponível em: https://diocesedesaojoaodelrei.com.br/paroquia-menino-jesus-de-praga-e-instalada-na-diocese/  Acesso em 10 abr. 2025. 

- Revisão: 10/04/2025.