segunda-feira, 26 de maio de 2014

Programação da Festa do Divino 2014


Aproxima-se mais uma Festa do Divino, no Bairro Matosinhos. São João del-Rei acolhe com muito carinho este festejo com seu caráter regional, para cujo êxito depende não só dos paroquianos de Matosinhos mas igualmente de outros bairros, distritos e cidades convidadas. 

Em Pentecostes, a coroa este ano deixa o Imperador Sr. Edmilson Washington da Silva, coroado em 2013 e passa para o novo Imperador, Sr. Dácio Sebastião de Carvalho. Antes, porém, transcorrem diversos eventos preparatórios. 

Mastro de aviso.
Além do giro das folias do Divino às casas, que já começou e acontece sem alarde por vários bairros, acontece dia 29 do corrente uma visita de praxe à residência do imperador que ora detém a coroa, a partir das 17 horas. Os caixeiros farão ali sua saudação. De costume o grupo segue para o santuário, mas este ano foi introduzido como novidade uma sequência, na qual o grupo parte com o imperador e membros da comissão de festa até o Salão de São Sebastião, na Avenida Santos Dumont para novas homenagens. Dali o grupo seguirá em cortejo até o santuário, agora com o reforço do congado do lugar. Após a celebração será como de costume descida a imagem do Espírito Santo para o início da novena. 

Sexta-feira, dia 30 de maio, inicia a novena do Espírito Santo, celebrada no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, às 19 horas. A cada dia estão previstas as participações de comunidades paroquiais, movimentos, pastorais e grupos convidados, em parte reformulando o esquema das romarias. O levantamento dos mastros acontece no primeiro dia da novena, com congados locais, após as celebrações. 

A Cavalgada do Divino está marcada para as 09 horas da manhã do domingo, 01 de junho, e pela primeira vez não parte do santuário e está sob nova coordenação. Ela vem do distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno e termina no Campo do Siderúrgico (Avenida Santos Dumont). 

O sábado seguinte, 07 de junho, é a vez da Procissão do Imperador Perpétuo, também inovando com um horário mais cedo (16h e 30min) e abandona o itinerário tradicional do Matola para circular pelo centro histórico, acompanhada em parte pela Banda de Música Municipal Santa Cecília, sob a competente batuta de José Antônio da Costa, e no todo pelas folias do Divino, que após as celebrações noturnas farão o típico encontro no coreto. 

Coreto ainda em fase de montagem.
Ao contrário de anos anteriores não se vê na programação previsão de shows para o período em questão, apenas um show de encerramento do jubileu, no estilo evangelizador. 

A programação do dia maior está resumida na tabela abaixo, tendo como novidade o deslocamento do reinado da Vila Santo Antônio para o Jardim Paulo Campos e a saudação ao imperador na parte da manhã. 

6h
Alvorada festiva
7h
Missa festiva
8h
Chegada dos congados
9h 30 min
Missa das Crianças (Igreja de Santa Terezinha)
9h 40 min
Recolhimento do reinado seguido de saudação ao imperador
10h 30 min
Chamada dos reis, rainhas, príncipes e princesas (no santuário)
13h
Saudação dos congadeiros a N.S.do Rosário (Igreja de Santa Terezinha)
14h
Cortejo imperial (da Santa Terezinha ao santuário)
16h
Missa Solene seguida de coroação do novo imperador
17h
Procissão solene seguida de bênção do Santíssimo Sacramento
20h
Descida dos mastros e despedidas dos congadeiros. A seguir, show de encerramento.

O adro foi adaptado para as novas exigências de segurança com abertura de mais um grande portão (corrediço) na lateral da praça. O coreto está montado, bem como as barracas. O mastro de aviso sinaliza as datas do jubileu. Pentecostes aproxima-se. Festa da alegria. É o momento da confraternização comunitária e da comunhão pascal com o sagrado. 

Notas e Créditos

* Texto e fotos (11/05/2014): Ulisses Passarelli

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ser Imperador

No ano anterior escrevi sobre os imperadores da Festa do Divino quanto ao aspecto histórico, pincelando algumas informações acerca da escolha e coroação. No informativo do jubileu de 2013, este texto pode ser lido pelos que se interessarem nestas informações.

Mas ora focalizo outra vertente, bem mais intrínseca e difícil de explanar, ligada à idealização do que se espera de um Imperador do Divino. Sou suspeito para falar e eu mesmo não sei se sou ou fui o que escreverei, mas colocarei o que penso que todos os imperadores devessem se esforçar para ser.

É preciso entender que o imperador representa na festa do Espírito Santo um personagem muito tradicional, que concentra em si todo o simbolismo da cultura popular acerca do sagrado em relação a esta festa. Sua figura é muito respeitada e se torna o festeiro de honra, o representante maior da comissão de festejos nos eventos sociais e religiosos ao longo de todo o ano. Se o presidente é na atualidade a figura maior na estrutura administrativa do Jubileu do Divino, o imperador é o elemento exponencial na estrutura simbólica, festiva e cultural.

Isto impõe à Comissão Organizadora uma grande responsabilidade na escolha do próximo imperador a cada ano. É preciso escolher com plena maturidade, senso crítico, isenção de questões pessoais. Uma escolha eventualmente mal sucedida pode ser desastrosa, até porque o imperador perde a coroa, mas não perde o império ante o novo coroado; em outras palavras, segundo entendimento geral dos festeiros, não existe ex-imperador, mas imperador de 1998, de 1999, de 2000... etc.

Os possíveis candidatos devem ser analisados sob um crivo de comportamento, dedicação, empenho, responsabilidade, apego à causa, trabalho prestado à festa, espírito de cooperação. Logo se vê que o ato de ser imperador não deve ser encarado como uma aventura, um luxo ou um degrau social a se subir para ganhar visibilidade. É um compromisso vitalício, perene.

O grau de comprometimento com a programação festiva, com as reuniões ordinárias e extraordinárias, com as participações em outros eventos que a comissão organizadora é convidada e com a coordenação das atividades cotidianas exigidas para a difícil tarefa de organizar a festa, tudo enfim, deve ser intenso e vivenciado com fé. Por traz da capa de veludo, da gravata, dos aplausos e flash’s fotográficos existe o peso de uma grande responsabilidade.
Bispo Diocesano de São João del-Rei,
Dom Célio de Oliveira Goulart,
coroa o Imperador do Divino,
Edmilson Washington da Silva.

É preciso pontuar também a natureza específica dos festejos em São João del-Rei, que reúnem no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos um número considerável de grupos culturais, sobretudo congados e folias, com os quais o imperador deve exercer um papel de interlocução, fazendo o elo que diferencia por completo a presença deles, de mera apresentação para uma participação integrada. Desta forma, como o grande anfitrião, deve ter pleno respeito aos congadeiros e foliões, mesmo que não compartilhe de suas crenças e ritos.

Na outra ponta o imperador é o canal da maior importância para conservar o diálogo com o clero, transmitir e fazer cumprir as diretrizes eclesiásticas, sendo a Igreja a verdadeira Mãe da comemoração, que em síntese acontece em seu espaço físico e orientação espiritual. Nunca é demais lembrar que Pentecostes é uma data litúrgica das mais relevantes para o cristianismo e o Jubileu do Divino desde sempre é uma festa católica.

Defendo que a Comissão do Divino devesse estruturar um “Conselho dos Imperadores” como órgão consultivo, que poderia ser muito útil diante de questões as mais diversas e que reforçaria a coordenação da festa pelo compartilhamento de responsabilidades.  

O imperador é, portanto, o festeiro especial, aquele que acolhe e transmite, pondera e equilibra, recepciona e promove, dá o exemplo e arregaça as mangas para o trabalho, que se inteira da história da festa e da programação para seu próprio saber e para respaldo das entrevistas e perguntas de fiéis. Ser imperador é encarnar e incorporar o festeiro ideal, que age em irmandade, movido pela devoção, dando seu esforço voluntário pelo bem comum. 

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Foto: Iago C.S. Passarelli, 20/05/2013
*** Texto escrito a pedido da Comissão do Divino. Publicado em: Informativo do Jubileu do Divino Espírito Santo, São João del-Rei, Paróquia de Matosinhos, n.17, jun./2014.