sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Resgate

Remodelação da festa do Divino e a comissão de festeiros

Em geral as comemorações tradicionais de pequeno vulto necessitam de um único festeiro (a). Contudo uma do porte dessa em questão, carece de um grupo de pessoas responsáveis. Já na festa antiga ocorria o nome “comissão”, aplicado ao conjunto de festeiros. Era numerosa, a julgar pela de 1923, que contou com 110 pessoas, cuja lista completa dos nomes a imprensa publicou [1].

            Os tradicionais três dias de festas (a animadíssima festa de 1883 foi uma exceção, perdurando por cinco dias), embora contíguos, tinham comissões organizadoras distintas, que contudo trabalhavam harmoniosamente. O programa dos três dias era publicado unido, mostrando o entrosamento da tripla comissão. Três festas em uma. Não obstante, em 1882 o Arauto de Minas os publica separados: a programação do Divino numa edição, a do Bom Jesus e Virgem da Lapa noutra. Teria a fraternidade das três comissões sido abalada ou foi apenas falta de espaço na folha?

            Nos tempos atuais a festa dura onze dias, o primeiro para anúncio festivo, os nove da novena e mais o dia maior. Há apenas uma comissão, cuja história começa em 1997.

Nesse ano o padre José Raimundo da Costa, pároco de Matosinhos, sabedor do passado brilhante deste festejo, idealizou introduzir uma atração cultural e para tanto providenciou convite a um congado, o de Coronel Xavier Chaves, que ingressou na procissão dando-lhe nova vida. A experiência foi analisada como positiva e promissora e abriu as portas para a reativação do festejo em seus moldes tradicionais.

            No ano seguinte, com aval e apoio deste sacerdote e sob a grande liderança do artista santeiro Osni Geraldo de Paiva, com base em suas pesquisas históricas, idealizou-se restituir a festa jubilar. Para tanto foram convidadas várias pessoas para uma reunião e a mesma se realizou no salão da catequese, na matriz, dia 28 de fevereiro de 1998, com umas trinta pessoas ou mais.

            Aberta a sessão com as preces e explicações do sacerdote, Osni a seguir explanou sobre a história da festa e o ideal de restituí-la. De comum acordo constitui-se um grupo, então chamado “Comissão Pró-jubileu do Divino Espírito Santo de Matosinhos” e  todos os presentes assinaram formalizando o ato.

            Contudo, o grupo foi se esvaziando com o distribuir das tarefas e com a chegada da festa estava na verdade assim constituído, conforme consta no informativo daquele ano[2]:

Presidente: Padre José Raimundo da Costa
Coordenador Geral: Osni Geraldo de Paiva
Informativo: José Cláudio Henriques
Folclore: Luthéro Castorino da Silva, Maria Aparecida de Salles e Ulisses Passarelli
Infra-estrutura: Altivo da Paixão Chaves Berg e Nelson Domingos de Abreu

            Esse foi o grupo diretamente responsável e pioneiro. Destacaram-se também os colaboradores: Antônio da Silva Serpa (“Toninho”), na Coordenação das Comunidades; Adriana Márcia Zim e equipe na alimentação e figurino; Luís Dângelo Pugliesi e Sebastião Machado Gomes (“Jacó”), na divulgação; Sônia Coelho, Nelson Resende e Josino Inácio do Nascimento (“Jota”), na cavalgada - respectivamente como coordenadora, alferes da bandeira e ponteiro; grupos de Renovação Carismática Católica e equipes de liturgia, na liturgia; outros tantos voluntários, sem os quais a tarefa seria impossível ou de êxito limitado.

            A partir do ano seguinte o grupo passou a se chamar oficialmente “Comissão Organizadora da Festa do Divino Espírito Santo”, tendo como sigla, por proposta de José Cláudio Henriques, “CODIVINO”.

            Em 17 de fevereiro de 2000 aprovou o seu estatuto. Embora sem registro em cartório, tem sido seguido pelos festeiros por uma questão de honra. Foi reformado em 4 de setembro de 2001. Por esta ocasião, elegeu-se a diretoria e conselhos de acordo com o estatuto vigente, conforme consta na respectiva ata (nº 37, livro nº 2) ficando assim constituída para um triênio:


Diretoria:
Presidente de Honra: Padre José Raimundo da Costa
Presidente : Ulisses Passarelli
Vice-presidente: Osni Geraldo de Paiva
1º Secretário: Otávio Félix Pereira da Silveira
2º Secretário: José Cláudio Henriques
1º Tesoureiro: Antônio Carlos Garcia
2º Tesoureiro: Nelson Domingos de Abreu

Conselho fiscal:
- Geraldo Elói de Lacerda
- José Antônio de Ávila Sacramento
- Maria Aparecida de Salles

Conselho consultivo:
- Antônio da Silva Serpa
- Damião Guimarães
- Maria Sílvia Teixeira Henriques

Conselheiros suplentes:
- Adriana Márcia Zim
- José Gonçalves de Sousa

            Esse foi o grupo responsável por consolidar o trabalho de reativação, juntamente com Paulo Zini e Kleber do Sacramento Adão, admitidos como mesários duas semanas após a referida eleição. Contou-se também com a inolvidável ajuda de muitas outras pessoas, que com o tempo foram se agregando na qualidade de membros-colaboradores. Embora não sendo mesários, foram responsáveis por muitas tarefas na edificação da festa, que desempenharam com plena fidelidade, como até hoje acontece. Além dessas pessoas existem ainda muitas outras, no exercício do voluntariado em favor da festa, muito embora oficialmente não façam parte da comissão propriamente dita. Em setembro de 2004 a mesa administrativa supracitada foi renovada por processo eleitoral, como determina o estatuto da comissão, para um mandato de três anos. Ficou assim composta, com a participação de novos membros efetivados:


Diretoria:
Presidente de honra: Padre José Raimundo da Costa
Presidente: Nelson Domingos de Abreu
Vice-presidente: José Cláudio Henriques
1º Secretário: Antônio Carlos Garcia
2º Secretário: Leila Andrade
1º Tesoureiro: Antônio da Silva Serpa
2º Tesoureiro: Kleber do Sacramento Adão

Conselho consultivo:
- Otávio Félix Pereira da Silveira
- José Gonçalves de Sousa
- Geraldo Elói de Lacerda

Conselho fiscal:
- Paulo Zini
- José Tadeu Nascimento
- Jânio Fernando Salomão

Conselheiros suplentes (ambos conselhos):
- Ariel Resende Fernandes
- Edmilson Washington da Silva
- Inácia Maria dos Santos
- Joaquim Maia Filho
- José Roberto Zim
- José Trindade Muniz
- Josino Inácio do Nascimento
- Maria Aparecida da Silva Nascimento
- Maria Auxiliadora Reis
- Maria do Carmo da Silva
- Maria Rosária Neto Abreu
- Luciano Rodrigo Andrade Mourão
- Nivaldo Neves

Outros cargos administrativos:
- consultor executivo de folclore e realizações: Ulisses Passarelli
- diretor de organização e gerenciamento do Jubileu: David Passarelli
- relações institucionais: Sebastião Machado Gomes
- coordenador geral da cavalgada: Josino Inácio do Nascimento

            Estes “outros cargos administrativos” são de confiança, sob a escolha do presidente, ou seja, não eletivos e como tal podem variar segundo as circunstâncias e necessidades. O presidente de honra é sempre o pároco em vigor. Com a saída do autor e de seu pai David da comissão após a festa de 2005, os cargos por eles ocupados ficaram vagos. Para o primeiro foi oportunamente convidado em substituição o sr. Raimundo Camilo, conhecido e experiente folião e capitão de congado.

            Ao longo dessa administração, vários outros mesários foram admitidos.

         Nova mesa administrativa foi eleita no segundo semestre de 2007, já que expirara o tempo estatutário da anterior. Ficou assim constituída sua diretoria:

Presidente de honra: Padre José Raimundo da Costa
Presidente: José Cláudio Henriques
Vice-presidente: Nivaldo Neves
1º Secretário: Mara Cristina Reis
2º Secretário: Antônio Carlos Garcia
1º Tesoureiro: Antônio da Silva Serpa
2º Tesoureiro: Jânio Fernando Salomão

Não obtive a colocação dos demais cargos, bem como da eleição seguinte, quando Nelson Domingos de Abreu voltou à presidência.

O grupo de festeiros continua crescendo. Um bom número de novos mesários aparece listada no informativo da festa de 2008, como membros da comissão, além dos já referidos até aqui: Adriana de Assis, Alcina Zanetti Assunção, Ana Paula Silva de Souza, Antônio Alves de Paula Filho [3], Antônio Cipriani Carvalho, Antônio Marcelino de Sousa, Carlos Antônio dos Anjos, Ciro Neves, Eder da Conceição Araújo, Eliana Maria dos Passos, Fábio da Silva, Francisco José do Nascimento, Geraldo Magela Francisco, Geraldo Trindade das Dores, Ismair Januário da Silva, Ivan Campos do Nascimento, Jerônimo Tadeu Trindade, João Bosco Rios, José Adney da Luz, José Francelino, José Luiz da Cunha, José Luiz Gonzaga, Josimar Luiz da Silva Tavares, Lucas de Carvalho, Marcelo José de Carvalho, Maria Auxiliadora Rodrigues, Maria do Carmo Carvalho, Maria Sílvia Teixeira Henriques (retorno), Otacílio José de Castro Lopes, Ronaldo Luiz Francisco (in memoriam), Sanival Rodrigues Nunes, Sebastião de Jesus (in memorian), Sebastião Modesto dos Santos (colaborador efetivado), Sérgio Rocha Silva, Valéria Aparecida de Jesus. No passado a renovação da comissão era mais freqüente, praticamente anual, sobretudo no que diz respeito aos cargos e personagens de cabeceira. Em 1885 por exemplo, surge referência no Arauto de Minas, ao sorteio de novos mesários, ou seja, festeiros que se reuniam em torno de uma mesa para discussões das providências a tomar em favor do evento. 

A comissão persiste ativa e continua fiel aos ideais iniciais, com a renovação natural de seu quadro social, erros e acertos, constantes em todas as atividades humanas.

Primeiro império montado após o resgate, em 1998, em plena Rua Antônio Rocha,
 antes da edificação da Gruta do Divino. Foto do autor.

Notas e Créditos

* Texto e foto: Ulisses Passarelli 



[1] - A Tribuna, n. 464, 18/03/1923. 
[2] - INFORMATIVO DA FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO DE MATOSINHOS. São João del-Rei: Comissão Pró-jubileu do Divino Espírito Santo de Matosinhos, abril / 1998. n. 1, ano1. Expediente, p. 3.
[3] - Foi rei de congado durante 70 anos! A última festa que participou foi a do Divino de 2008, com a animação costumeira e esmero na roupa, falecendo logo depois, a 21 de maio. Na festa do Rosário de São Gonçalo do Amarante (distrito de São João del-Rei, em outubro do mesmo ano, a última rainha a lhe acompanhar, Maria José da Silva Oliveira, prestou uma homenageada à sua memória. O autor dessas linhas já o havia feito por ocasião dos seus 65 anos de reinado, ocasião que recebeu em público um bastão simbólico, encimado por uma coroa esculpida em cedro. Deixou saudade e admiração pela seriedade com que encarava sua missão.

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